Não se alumbrie se um dia



Experimentar o que ainda não se sabe. Sentir falta do que não foi vivido. Alumbrar-se. Do substantivo alumbramento. Aquilo que impregna. Encanta e transforma. E se toca é porque aprofunda. Te faz perder um minutinho a mais olhando para algo inusitado no meio do caos que você enfrenta todos os dias. Em meio às agruras, te leva para outra dimensão. Bem longe é que se vai. Quando você fecha os olhos para dormir, te faz acordar para o que passou despercebido. Se alumbrar é isso.

É aquela experiência que te modifica de tal forma que te transforma num outro eu: do lado de dentro e além. Aqui fora, tudo continua do mesmo jeito. Mas só que diferente. Porque quando você sofre de alumbramento, tudo se ilumina. Se mostra. Se despe por inteiro. É a própria verdade nua e crua. Livre de pré-conceitos. Protegida numa bolha que faz você se enxergar. Mas não se iluda: o alumbramento é contraindicado para quem vive de vida real e leva tudo ao pé da letra. Só pode alumbrar-se quem viaja para dentro. E põe tudo para fora em forma de palavras. Soltas e fugazes.

PS: se conselho fosse bom, vinha embrulhado. Mas permita-me te dizer uma coisa: quando você decidir se alumbrar com algo, vai perceber que até hoje nada foi tão libertador. Nem deslumbrante como deveria ser.

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